31. "Cartão do idoso" e outras bizantinices
Só o pensamento que leva à criação de um "cartão do idoso" constitui, além de autêntica questão bizantina, um sintoma de germinação de teorias socialistas bem intencionadas mas que, no fundo, revelam um sentido discriminatório difícil de compreender.
Primeira discriminação:
Quem é que, embora sendo-o, gosta de ser “carimbado” de idoso? Ninguém, presume-se. Dou um exemplo: tenho quase 63 anos. Venha cá alguém chamar-me de idoso a ver a corrida em pêlo que leva… Será que, quem propõe a designação, gostará que assim lho chamem daqui a não mais do que 10 a 12 anos… Ou até mesmo já?
Estas coisas devem ser pensadas com cuidado. As palavras e designações têm ser bem sopesadas, antes de serem aplicadas. A menos que se queira receber como resposta a que, aqui há tempos atrás, pessoa já com muitos anos de experiência de vida, deu a descuidado “jovem” que a tratara – julgara ele, pobre inocente!, que com todo carinho – por idosa:
- Olhe, meu amigo! Idosa era a sua avó torta! Eu tenho nome e mereço mais alguma consideração do que essa sua bem intencionada mas tola comiseração. Não acha?
Idoso? Por que não “cartão de solidariedade”, por exemplo? Sempre perde o cunho de acinte.
Segunda discriminação:
E por que não “cartão do jovem”? Ou cartão do “meio idoso”? Ou “cartão do coxo”? Ou “cartão do maneta”? Ou, ainda, “cartão do lélé da cuca”?
E se o “cartão do idoso” – embora tal não se explique… – tem por objectivo apoiar pessoas de determinado escalão etário, com algumas dificuldades, porquê apenas esses têm direito a tratamento preferencial? Então não há tantos jovens a precisarem de apoio? E gente de meia idade? E coxos? E manetas? E lélés da cuca?
Terceira, mas esta, já não discriminação, mas verdadeira indiscriminação, melting pot da solidariedadezinha, mal orientada porque mal entendida:
E o “cartão do idoso” destina-se a que “idosos”? De 60 anos? De 70 anos? De 100 anos? De 200 anos?
E quais? Todos? Apenas todos os de 60 anos? Ou só alguns? E quais? Todos os dos 60 até aos 100 anos e daí para a frente ninguém mais, porque não vale a pena, por já não votarem?
Mais: entre os “idosos” contemplados, estarão quais? Os que têm dificuldades ou os ricos e bem aconchegados também? E que grau de dificuldades é necessário para se ser contemplado? Ou que grau de aconchego é condição para já não ter direito ao cartãozinho? E o “idoso” Belmiro de Azevedo e outros como ele? Também serão contemplados? São idosos igualmente! Ou não?!
Enfim! Estas coisas não podem ser aviadas em cima do joelho. Têm que ser ponderadas com conta, peso e medida.
Fartos de serem tratados como gente sem espírito crítico, por falta de conhecimentos ou por deixa-andar, estamos todos. Basta! Se se quer ser profissional, seja-se profissional. Saiba-se sê-lo. Basta de amadorismos de wise people!
* * *
A questão da promoção de empregos foi já abordada. No entanto, é das mais melindrosas. Tal como a das empresas municipais, que, sinceramente, se espera que não surjam, mesmo que aconteça a oportunidade…
Com tal programa, o PS deve estar a debater-se com enormíssimas e insuperáveis dificuldades para elaborar o seu. É que as teorias socialistas estão todas no programa do rival. Quem poderia imaginar tal coisa?
O que certas pessoas parece que ainda não conseguiram interiorizar é, afinal, coisa bem simples. É que a Câmara Municipal não tem que ser uma prestadora de serviços tout court, ou seja, não tem que prestar serviços em tantas e variadas áreas, para as quais, certamente não está vocacionada. Nem tem que estar, aliás.
O que a Câmara Municipal tem que fazer, para cumprir a sua missão é, àparte questões como o saneamento e abertura e asfaltamento de ruas (para além de assegurar que o fornecimento de água às populações seja de sua exclusiva competência – não delegada, aqui sim… ) é contratar serviços a quem sabe executar – e executa mais racionalmente – e vigiar pelo cumprimento correcto dos cadernos de encargos, evitando abusos e gastos supérfluos e pouco sérios.
No caso da assistência social, apoiar entidades que têm o know how necessário que a câmara não tem, não pode ter, nem é expectável que tenha. Porque é para isso que existem a Santas Casas da Misericórdia de Setúbal e de Azeitão e outras e tantas instituições privadas de solidariedade social. Faça cada um, no seu ramo, as habilidades para que foi preparado. Não se meta Pieter a mexer no que não deve, por estar acima do que colheu na aprendizagem que fez…
Tudo o que saia destes parâmetros muitos gerais, é pura demagogia. Ou para não se cumprir, como normalmente não se cumpre, ou para cumprir mal por inapropriação de recursos, humanos e materiais.
É, numa palavra, especialidade socrática. Socialista, portanto.
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Primeira discriminação:
Quem é que, embora sendo-o, gosta de ser “carimbado” de idoso? Ninguém, presume-se. Dou um exemplo: tenho quase 63 anos. Venha cá alguém chamar-me de idoso a ver a corrida em pêlo que leva… Será que, quem propõe a designação, gostará que assim lho chamem daqui a não mais do que 10 a 12 anos… Ou até mesmo já?
Estas coisas devem ser pensadas com cuidado. As palavras e designações têm ser bem sopesadas, antes de serem aplicadas. A menos que se queira receber como resposta a que, aqui há tempos atrás, pessoa já com muitos anos de experiência de vida, deu a descuidado “jovem” que a tratara – julgara ele, pobre inocente!, que com todo carinho – por idosa:
- Olhe, meu amigo! Idosa era a sua avó torta! Eu tenho nome e mereço mais alguma consideração do que essa sua bem intencionada mas tola comiseração. Não acha?
Idoso? Por que não “cartão de solidariedade”, por exemplo? Sempre perde o cunho de acinte.
Segunda discriminação:
E por que não “cartão do jovem”? Ou cartão do “meio idoso”? Ou “cartão do coxo”? Ou “cartão do maneta”? Ou, ainda, “cartão do lélé da cuca”?
E se o “cartão do idoso” – embora tal não se explique… – tem por objectivo apoiar pessoas de determinado escalão etário, com algumas dificuldades, porquê apenas esses têm direito a tratamento preferencial? Então não há tantos jovens a precisarem de apoio? E gente de meia idade? E coxos? E manetas? E lélés da cuca?
Terceira, mas esta, já não discriminação, mas verdadeira indiscriminação, melting pot da solidariedadezinha, mal orientada porque mal entendida:
E o “cartão do idoso” destina-se a que “idosos”? De 60 anos? De 70 anos? De 100 anos? De 200 anos?
E quais? Todos? Apenas todos os de 60 anos? Ou só alguns? E quais? Todos os dos 60 até aos 100 anos e daí para a frente ninguém mais, porque não vale a pena, por já não votarem?
Mais: entre os “idosos” contemplados, estarão quais? Os que têm dificuldades ou os ricos e bem aconchegados também? E que grau de dificuldades é necessário para se ser contemplado? Ou que grau de aconchego é condição para já não ter direito ao cartãozinho? E o “idoso” Belmiro de Azevedo e outros como ele? Também serão contemplados? São idosos igualmente! Ou não?!
Enfim! Estas coisas não podem ser aviadas em cima do joelho. Têm que ser ponderadas com conta, peso e medida.
Fartos de serem tratados como gente sem espírito crítico, por falta de conhecimentos ou por deixa-andar, estamos todos. Basta! Se se quer ser profissional, seja-se profissional. Saiba-se sê-lo. Basta de amadorismos de wise people!
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A questão da promoção de empregos foi já abordada. No entanto, é das mais melindrosas. Tal como a das empresas municipais, que, sinceramente, se espera que não surjam, mesmo que aconteça a oportunidade…
Com tal programa, o PS deve estar a debater-se com enormíssimas e insuperáveis dificuldades para elaborar o seu. É que as teorias socialistas estão todas no programa do rival. Quem poderia imaginar tal coisa?
O que certas pessoas parece que ainda não conseguiram interiorizar é, afinal, coisa bem simples. É que a Câmara Municipal não tem que ser uma prestadora de serviços tout court, ou seja, não tem que prestar serviços em tantas e variadas áreas, para as quais, certamente não está vocacionada. Nem tem que estar, aliás.
O que a Câmara Municipal tem que fazer, para cumprir a sua missão é, àparte questões como o saneamento e abertura e asfaltamento de ruas (para além de assegurar que o fornecimento de água às populações seja de sua exclusiva competência – não delegada, aqui sim… ) é contratar serviços a quem sabe executar – e executa mais racionalmente – e vigiar pelo cumprimento correcto dos cadernos de encargos, evitando abusos e gastos supérfluos e pouco sérios.
No caso da assistência social, apoiar entidades que têm o know how necessário que a câmara não tem, não pode ter, nem é expectável que tenha. Porque é para isso que existem a Santas Casas da Misericórdia de Setúbal e de Azeitão e outras e tantas instituições privadas de solidariedade social. Faça cada um, no seu ramo, as habilidades para que foi preparado. Não se meta Pieter a mexer no que não deve, por estar acima do que colheu na aprendizagem que fez…
Tudo o que saia destes parâmetros muitos gerais, é pura demagogia. Ou para não se cumprir, como normalmente não se cumpre, ou para cumprir mal por inapropriação de recursos, humanos e materiais.
É, numa palavra, especialidade socrática. Socialista, portanto.
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