Tuesday, April 05, 2005

21. Teresa, a nova civil governante de Setúbal

Foi hoje empossada a nova governadora civil de Setúbal, arquitecta de profissão, socialista de opção.

Com larga experiência dos “dossiers” da Câmara Municipal cá do burgo, Teresa Almeida ficou célebre, aqui há tempos, por uma excepcional e arriscadíssima manobra de ultrapassagem pela esquerda, quando, em debate radiofónico em estação local, afirmou, com toda a convicção e sem sequer ter esboçado um sorriso de constrangimento, que, sendo o PS um partido de esquerda, apenas se preocupava com os mais desfavorecidos, razão por que a construção de uma marina em Setúbal não era coisa que a preocupasse, não a tendo até feito incluir no projecto Polis, de que tratara.

A partir desta elegante e politicamente muito correcta tirada se ficou a saber que:

....1. O PS e os seus políticos continuam na mesma e, particularmente em Setúbal, na mesma continuam: demagogos até à medula, capazes dos mais arrojados unstable balances para chegarem onde julguem que há votos a conquistar;
....2. Na opinião de Teresa Almeida – e na do PS local, pelos vistos – uma marina não constitui excelente fonte de receita e extraordinário chamariz, que certamente muito contribuiria para o desenvolvimento do tão maltratado turismo da região, com benefício para todos, os mais desfavorecidos incluídos;
....3. Pela mão de Teresa Almeida, o PS chegou mesmo a ultrapassar o PC pela esquerda baixa, uma vez que é o próprio actual edil setubalense, o aggiornato comunista Carlos Sousa, que realisticamente entende ser a marina um requisito essencial para o desenvolvimento de Setúbal;
....4. Por mentalidades, como a de Teresa Almeida, terem estado à frente dos destinos do concelho, entre 1986 e 2001, é que Setúbal conseguiu a discutível proeza de, 19 anos após a entrada de Portugal na então CEE, ser a capital de distrito que menos se desenvolveu, arriscando-se mesmo a, dentro em pouco ser ultrapassada – também, imagine-se! – pela Aldeia Galega e até mesmo, quiçá, por Alcochete, não obstante dispor de condições desenvolvimentistas naturais absolutamente ímpares no País.

Felizmente que, no cargo que agora vai ocupar a ex-autarca terá muito menos oportunidades de menorizar o concelho e o distrito. É que, representando o governo central em algumas cerimónias menores, assinando uns quantos passaportes, “decretando” até que horas cafés, leitarias, bufetes, bares, tascas e outros pontos de encontro da vida em sociedade podem estar abertos, e minudências que tais, não parece que dali possa vir grande atraso ao mundo, que é como quem diz aos setubalenses.

Por isso, não constitui esforço particularmente penoso augurar-se-lhe bom sucesso nas “funções que me são
confiadas”.