26. A bota e a perdigota. Também a sicuta…
Entre o programa eleitoral socialista, apresentado quando das legislativas de Fevereiro último, com as inerentes promessas mirabolantes, e a realidade que está a ser a governação vai a distância de todo um mundo a alargar-se até ao infinito, à medida que os políticos que actualmente nos comandam a vida forem sendo confrontados com as durezas da vida e desafectados das histórias de encantar que lhes são próprias.
Daqui se retira que, uma vez mais, os portugueses que votam, de novo se deixaram ir em cantigas de amigo… de Peniche, especialidade muito em voga ali para o Largo do Rato.
Aconteceu o mesmo em 1995, com Guterres, e viu-se como acabou em 2001. Agora, porém, e porque a situação da economia não é, nem podia ser, de modo nenhum, semelhante à que receberam nessa altura, os sinais de agora causam bem maiores preocupações, tudo apontando para resultados bem mais funestos.
Depois de vários desencontros entre o que pensa e diz o ministro das finanças e o que talvez pense e diga o primeiro-ministro, ocorridos em plena praça pública ao longo deste curtíssimo espaço de tempo em que o PS, putativamente governa o País – se bem que com primeiro-ministro mais ou menos desaparecido em combate que não combateu – surgem agora os primeiros sinais, já muito graves, de fortíssimas dissensões. Nada mais nada menos do que a possibilidade de o ministro das finanças poder bater com a porta, se não se fizer o que ele acha ser necessário, mesmo impostergável.
Ao fim de dois meses e meio de uma legislatura, cujo termo está previsto para um prazo situado a cerca de 5 anos do seu início, as coisas levam bons princípios, sem dúvida… E o pior é que não somos espanhóis nem o governo é nosso filho…
Entretanto, o imperscrutável (sê-lo-á por opção própria ou por nada haver que se lhe perscrute?) primeiro-ministro afirma estar preparado para tudo, o que, francamente, não admira, pois que, vá para onde for, não larga de mão o computador portátil em que alguém lhe anota tudo o que tem para dizer, não vá o diabo tecê-las.
Pelo caminho que as coisas estão já a levar, parece que muito cedo iremos ver que, na verdade, está mesmo para tudo preparado, designadamente para seguir as pisadas do seu mentor, senhor António, das Donas, ou seja, desaparecer definitivamente, uma vez mais mesmo sem combate.
E quem cá ficar que se governe, querendo… e podendo…
A desconformidade entre o que se prometeu e o que está a verificar-se já é de tal ordem e o tempo decorrido entre a formulação das promessas e o tempo actual tão curto que, qualquer observador, ainda que muito desatento à realidade política, se apercebe de que tais promessas não puderam ser feitas sem dolo. Porque não é lícito esperar-se que Sócrates e amigos estivessem tão desfasados do País, que não soubessem que não podiam prometer o que prometeram, sem intenção enganosa. Ou, então, ignoravam realmente toda a situação e, nesse caso, mostraram à evidência o quanto de irresponsabilidade que os enforma e já conhecíamos de outros carnavais.
Mas não, a ignorância não lhes aproveita porque não pode ter chegado a tal estádio, já que qualquer cidadão comum sabia que as coisas não estavam de feição para tantas facilidades, ainda que socialistas…
Daí que as promessas feitas, com o conhecimento prévio e cabal de que seriamente não poderiam ser cumpridas, configuram, uma vez mais, embuste eleitoral tão próprio daquelas hostes.
E as coisas hão-de manter-se assim, até que um dia (porque há sempre um dia…) os cidadãos abram os olhos e prestem mais atenção aos sinais, decidindo em conformidade.
A bota socialista tem que, forçosamente, passar a jogar com a perdigota e não mais, como até aqui, mutuamente se ignorarem. Tal circunstância não retirará aos socialistas a possibilidade de vencerem eleições nem é isso que se pretende. O que se pretende é que deixem de chegar ao poder graças a autênticos logros em que afundam o desprevenido eleitorado.
E assim é que deve ser, para o bem geral e dignificação da democracia portuguesa.
Para terminar, uma pequena nota e também um receio:
Em 399 a.C., em Atenas, Sócrates, o filósofo grego, acusado de crime que não se invoca aqui – pois que, além de poder configurar piada de mau gosto, não vem ao caso e podia prestar-se a interpretações malévolas que estão longe do espírito e intenção deste escrito – foi condenado e obrigado a matar-se, ingerindo sicuta.
Pois bem, por esta senda, um dia destes também o nosso Sócrates acabará condenado. Para seu bem… e igualmente para nosso bem, espera-se que não seja obrigado, ele também, a ingeri-la, como o seu homónimo há 2.404 anos atrás.
É justo que se receie, porém, que, com a habilidade que os socialistas têm para torcer as coisas, voltando-as a seu favor, acabemos nós, isso sim, obrigados a bebê-la, para remissão de seus pecados, que nos são alheios, é bom de ver.
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Daqui se retira que, uma vez mais, os portugueses que votam, de novo se deixaram ir em cantigas de amigo… de Peniche, especialidade muito em voga ali para o Largo do Rato.
Aconteceu o mesmo em 1995, com Guterres, e viu-se como acabou em 2001. Agora, porém, e porque a situação da economia não é, nem podia ser, de modo nenhum, semelhante à que receberam nessa altura, os sinais de agora causam bem maiores preocupações, tudo apontando para resultados bem mais funestos.
Depois de vários desencontros entre o que pensa e diz o ministro das finanças e o que talvez pense e diga o primeiro-ministro, ocorridos em plena praça pública ao longo deste curtíssimo espaço de tempo em que o PS, putativamente governa o País – se bem que com primeiro-ministro mais ou menos desaparecido em combate que não combateu – surgem agora os primeiros sinais, já muito graves, de fortíssimas dissensões. Nada mais nada menos do que a possibilidade de o ministro das finanças poder bater com a porta, se não se fizer o que ele acha ser necessário, mesmo impostergável.
Ao fim de dois meses e meio de uma legislatura, cujo termo está previsto para um prazo situado a cerca de 5 anos do seu início, as coisas levam bons princípios, sem dúvida… E o pior é que não somos espanhóis nem o governo é nosso filho…
Entretanto, o imperscrutável (sê-lo-á por opção própria ou por nada haver que se lhe perscrute?) primeiro-ministro afirma estar preparado para tudo, o que, francamente, não admira, pois que, vá para onde for, não larga de mão o computador portátil em que alguém lhe anota tudo o que tem para dizer, não vá o diabo tecê-las.
Pelo caminho que as coisas estão já a levar, parece que muito cedo iremos ver que, na verdade, está mesmo para tudo preparado, designadamente para seguir as pisadas do seu mentor, senhor António, das Donas, ou seja, desaparecer definitivamente, uma vez mais mesmo sem combate.
E quem cá ficar que se governe, querendo… e podendo…
A desconformidade entre o que se prometeu e o que está a verificar-se já é de tal ordem e o tempo decorrido entre a formulação das promessas e o tempo actual tão curto que, qualquer observador, ainda que muito desatento à realidade política, se apercebe de que tais promessas não puderam ser feitas sem dolo. Porque não é lícito esperar-se que Sócrates e amigos estivessem tão desfasados do País, que não soubessem que não podiam prometer o que prometeram, sem intenção enganosa. Ou, então, ignoravam realmente toda a situação e, nesse caso, mostraram à evidência o quanto de irresponsabilidade que os enforma e já conhecíamos de outros carnavais.
Mas não, a ignorância não lhes aproveita porque não pode ter chegado a tal estádio, já que qualquer cidadão comum sabia que as coisas não estavam de feição para tantas facilidades, ainda que socialistas…
Daí que as promessas feitas, com o conhecimento prévio e cabal de que seriamente não poderiam ser cumpridas, configuram, uma vez mais, embuste eleitoral tão próprio daquelas hostes.
E as coisas hão-de manter-se assim, até que um dia (porque há sempre um dia…) os cidadãos abram os olhos e prestem mais atenção aos sinais, decidindo em conformidade.
A bota socialista tem que, forçosamente, passar a jogar com a perdigota e não mais, como até aqui, mutuamente se ignorarem. Tal circunstância não retirará aos socialistas a possibilidade de vencerem eleições nem é isso que se pretende. O que se pretende é que deixem de chegar ao poder graças a autênticos logros em que afundam o desprevenido eleitorado.
E assim é que deve ser, para o bem geral e dignificação da democracia portuguesa.
Para terminar, uma pequena nota e também um receio:
Em 399 a.C., em Atenas, Sócrates, o filósofo grego, acusado de crime que não se invoca aqui – pois que, além de poder configurar piada de mau gosto, não vem ao caso e podia prestar-se a interpretações malévolas que estão longe do espírito e intenção deste escrito – foi condenado e obrigado a matar-se, ingerindo sicuta.
Pois bem, por esta senda, um dia destes também o nosso Sócrates acabará condenado. Para seu bem… e igualmente para nosso bem, espera-se que não seja obrigado, ele também, a ingeri-la, como o seu homónimo há 2.404 anos atrás.
É justo que se receie, porém, que, com a habilidade que os socialistas têm para torcer as coisas, voltando-as a seu favor, acabemos nós, isso sim, obrigados a bebê-la, para remissão de seus pecados, que nos são alheios, é bom de ver.
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