Sunday, March 27, 2005

17. A selecção nacional portuguesa e o Benfica

Ontem à noite, assistindo ao “particular” entre a selecção portuguesa de futebol e a congénere canadiana, perante o desenvolvimento dos vários lances de jogo, dei comigo a pensar que, se por um lado tanto a selecção lusa que actuou na primeira parte como a que jogou na segunda não constituíam – nem constituíram – melhores conjuntos do que a actual equipa principal do Benfica, por outro a selecção canadiana não se mostrou pior do que qualquer equipa de meio da tabela para baixo, na Liga Portuguesa.

Assim sendo, que razão poderá explicar que a selecção - ainda por cima a jogar a meio gás - tenha conseguido “dar quatro” aos canadianos (com dois golos precisamente de benfiquistas, que tanta dificuldade têm em marcar no clube...) e o
Benfica
não passe da chapa um, à rasquinha, sempre com tremideira, que mais parece verdadeiro delirium tremens, e finais de jogo de autêntica borradice de medo, com qualquer equipa por mais afundada que se encontre na tabela da Liga indígena?

E a resposta – uma vez mais – revelou-se evidente: é que a táctica do Benfica é da responsabilidade de Giovanni Trapattoni, parado no tempo desde princípio dos anos 80, ao que dizem especialista em organizar equipas excelentes a defender, mas que nem essa menoridade tem evidenciado; a selecção, não. Felizmente para a selecção; infelizmente para o
Benfica
.

Há muitos benfiquistas, embalados pelos sucessos recentes da equipa, que não cuidam de saber se eles se devem mais a mérito próprio da equipa técnica ou a outros factores que lhe são absolutamente alheios. E como no futebol dos primarismos o imediatismo é que conta, acima de tudo, como tudo de momento está de feição, não julgam necessário um trabalho de análise mais profunda, fria e racional, acerca do que se passa e como se passa.

A verdade acabará, todavia, por impor-se. E a verdade é que o Benfica está a um passo de vencer a Liga deste ano, com exibições que fariam morrer de vergonha e desonra qualquer treinador mediano, vulgar de Lineu. Exibições quase chapadas das do último campeonato que venceu, também nas mesmas condições - excepção feita ao célebre jogo de Alvalade dos 3-6 - com outro treinador semelhante ao actual, de seu nome Toni.

E não porque o
Benfica tenha melhorado seja o que for - pelo contrário, está na mesma ou pior - mas apenas porque os adversários estão este ano bem abaixo da média que têm apresentado em anos anteriores, alguns como já não estavam há para aí uns bem largos 20 anos. Circunstância que dificilmente se repetirá em épocas seguintes. Ora, o Benfica não pode pensar apenas e tão só no imediatismo das vitórias inconsistentes. A sua história não lho permite. O Benfica deveria ter mais, muitíssimo mais. Mesmo!

Saturday, March 26, 2005

16. Jorge Sampaio e os Portugueses que na África do Sul vão morrendo

Esta semana foram assassinados três portugueses no país
Criminalidade na África do Sul: presidente do Forum Português acusa Sampaio de desinteresse
Público online – 26 Março 2005

O facto de o Presidente da República não mostrar interesse pelo que possa acontecer aos portugueses emigrados na África do Sul não é circunstância muito relevante. Por várias razões, a saber:

1. – Os emigrantes portugueses da África do Sul estão lá longe…;
2. – São, pela Esquerda portuguesa, considerados cidadãos portugueses menores, por não contribuírem para os interesses eleitorais da mesma Esquerda, uma vez que serão "fascistas";
3. – Logo, o presidente dessa mesma Esquerda – porque nunca foi capaz ou quis ser o de todos os portugueses – alinhando pelas teses da sua família política, não pode, em coerência, dar atenção a tais cidadãos;
4. – Por outro lado, o presidente de metade e mais meia dúzia dos portugueses tem andado muito ocupado com affaires muito mais importantes, como descobrir prioridades várias para o País, todos os dias – sendo que as de hoje sobrelevam as de ontem e as de amanhã as de hoje, and so on… –
que essa coisa de perder uma hora com os concidadãos radicados no Sul de África e que se deixam matar, como tordos.

Há mais razões, mas deixemos aqui, agora, apenas mais esta:

Portugal já foi um país grande. De alma. A determinada altura, lá pelo século XV, chegou à conclusão que 89.000 kms2 e um milhão de pessoas era coisa pouca para administrar; havia, pois, que procurar outras paragens, onde os seus dotes de administração fossem postos à prova.

Mal ou bem, com mais sucesso ou menos sucesso, durante alguns séculos, lá se andou a administrar outras paragens longínquas e outras gentes diversas. Até que um dia a coisa acabou, porque tudo tem que acabar. Não acabou como devia, mas isso já são outras histórias de que não se cuida de saber aqui.


O que aqui se cuida de saber é que, tendo acabado essas administrações, Portugal regressou ao território original e às originais gentes, passando, então, a administrá-los a eles somente. Mas logo se viu que não estava à altura da situação e a administração caiu no descalabro. De tal modo que, agora, para sermos administrados, necessitamos que venha a UE e, principalmente, um de seus membros, mais precisamente a Espanha, para o fazer. E assim é que, no dia em que a Espanha nos abandone e a UE nos desampare, aí vamos nós por Alcântara abaixo… Mal-cheirosos, claro!

Ora, assim sendo, como todos sabemos que é, embora andemos a disfarçar o mais que podemos, como é que poderá alguém ter a veleidade de supor que qualquer de nós, qualquer das nossas ditas autoridades, presidente da república incluído, se preocupe com o que se passa a 10.000km de distância? Se não nos valemos cá, por que raio de absurdo é que se pretenderá que sejamos capazes de valer aos nossos concidadãos tão longe?

...

Friday, March 18, 2005

15. JPP continua o mesmo.

Sob o título "Os colocadores de feltro”, José Pacheco Pereira publicou ontem, 17 de Março, no Público, um artigo opinioso de que abaixo transcrevo as partes que mais interessam para aquilo que pretendo dizer.

Escreve a criatura:

Eu já ando nisto há muito tempo para perceber os sinais. Mal ou bem, o meu blogue foi uma fonte de citações constantes contra Santana Lopes. Nada que eu não tivesse previsto e não desejasse, porque, em política, espera-se que aquilo que se diz tenha consequências e influência. Sabia igualmente que uma parte dessa atenção vinha do critério jornalístico que considera mais interessante o que diz uma voz vinda do mesmo lado do que a de um adversário que critica por obrigação. (…)


JPP está supinamente equivocado, comme d’habitude e como ele bem sabe, mas disfarça, porque lhe convém. A atenção que lhe foi ou é dispensada pela CS que temos não resultou nem resulta de qualquer “critério jornalístico que considera blá, blá, blá…”. A atenção que lhe foi dada resultou, isso sim, da pífia circunstância de a chicana política ser sempre mais atractiva do que a seriedade. No circo, as anormalidades têm sempre clientela farta. E o que ele faz, de há muitos anos a esta parte, é pura chicana, e nem sempre meramente política. No dia em que o filósofo de filosofias alheias, bebidas por aí, ao sabor da brisa, deixar a chicana e passar a actuar com critérios de crítica razoável, o interesse que desperta no povoléu desaparece num ápice, levado pela mais débil das correntes de ar. E ele sabe-o bem. O interesse que a CS vê nele não reside no conteúdo, tão somente na forma. E nesta, apenas porque distorcida. Por isso, não abandona a senda em que se meteu. Está preso pelo rabo pela mais redutora das chicano-dependências