Sunday, September 19, 2004

7. Textos d'ontem - "O que acaba e o que começa"

Crónica de rádio – 31 Dez 1985

O QUE ACABA E O QUE COMEÇA

Olá, com dia, caro ouvinte!

Finalmente! Estamos no último dia de 1985. Finalmente!

O último dia de um ano que poucas boas recordações deverá ter deixado nas pessoas.

Foi, não restam dúvidas, um ano tremendamente difícil para todos. E nunca mais chegava ao fim. Chegou hoje. Haja Deus!


Sinceramente, não recordo outro em que tantas tragédias se tivessem abatido sobre os humanos cocurutos por esse mundo fora. Quedas de aviões, terramotos, erupções vulcânicas, atentados terroristas, desgraças e desgraças em série e sem fim.

O curioso – se de facto algo de curioso nisso existe – é que – recorda-se, ouvinte? – na sua esmagadora maioria haviam previsto que este 1985 seria o ano das tragédias. Foram mesmo muito enfáticos nas previsões. E então não é que acertaram em percentagem inimaginável?

É quase caso para dizer: Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay!...

O que acabo de dizer não significa que haja da minha parte qualquer intuito de comparar astrólogos a bruxas. De modo nenhum, até pelo muito respeito que me merecem os primeiros e um certo temorzinho reverencial que nutro pelas segundas, Maga Patológica inclusa! Mas, caramba! Tanto acerto também é demais!

Como, ao que consta, as previsões dos mesmos senhores para o ano de 1986 são quase diametralmente opostas e unânimes, resta-nos, enfim, a esperança de que voltem a acertar…

Ao que dizem, Portugal está sob bons auspícios. Júpiter parece que entra no signo do País, pelo que tudo irá correr pelo melhor. Melhor possível, claro! Nada de euforias...

A tão ansiada recuperação começará a ser um belo facto. Não sendo já sem tempo e porque com ela todos teremos a lucrar, é bom que façamos uma “forcinha”, como diria o outro humorista em imitação pouco criativa de brasileiro da Barra da Tijuca.

É que, por mais que os astros se conjuguem e predisponham, se nós próprios nada fizermos por isso, ora adeus, minhas encomendas!

Mas, claro que podem contar connosco. Se somos nós os interessados maiores!

Aqui termino, caro ouvinte, fazendo votos de que se divirta muito na passagem do ano, que 1986 lhe traga aquilo que 1985 não quis ou não foi capaz e por que o ouvinte e eu e todos os nossos familiares e vizinhos e amigos e simples conhecidos há tanto ansiamos.

Seria bom, não concorda? E merecido também.

Bom dia e até para o ano.

Ruben Valle Santos